A cada linguagem com que nos deparamos passamos a ler o mundo por novas perspectivas. Ao vivenciar e perceber a linguagem da comida, somos capazes de percebê-la pelos nossos sentidos. A comida assume uma atmosfera de muita sensibilidade, muito se discute sobre memórias afetivas e até mesmo sobre o termo comfort food, que se refere à maneira como a comida nos atravessa e imprime sensações em nós. Sentir memória é reviver momentos, lugares e pessoas através do paladar, do cheiro e das texturas, criando uma conexão profunda entre o passado e o presente.
Ao construirmos uma escola, desejamos profundamente que os rituais e relações que acontecem dentro dela não sejam desassociados da vida cotidiana do lado de fora. Com isso, a comida ocupa o mesmo lugar afetivo e cultural. Alimentar-se significa estar em constante relação; é conversar, cantar, sorrir, confrontar, partilhar um momento coletivo em torno de uma mesa onde há algo convidativo, bonito e aromático para ser degustado. A refeição, assim, transcende o ato de comer e se torna um espaço de encontro e de criação de laços, um momento de celebração e de troca, onde o alimento serve como um elo entre as pessoas e suas histórias.

O que difere o alimento da comida é o modo como nós, humanos, o transformamos em cultura. Da castanha que despenca das árvores e é colhida em um passeio, ao ser levada para um potente laboratório chamado cozinha, temos infinitas possibilidades de transformá-la através de muitos processos. A receita é um produto inexato, que se modifica, mesmo com medidas precisas, por cada sujeito que a executa, pois somos expressões únicas e capazes de produzir coisas à nossa maneira. Cada preparo carrega a singularidade de quem o faz, refletindo suas experiências, emoções e influências culturais, tornando a comida não apenas um sustento, mas uma manifestação de identidade e criatividade.
Mas, apesar de mencionar muitas palavras sobre sua afetividade, a linguagem da comida também está ligada à pesquisa, à curiosidade, à beleza e à expressividade. Ela nos dá suporte para que possamos perceber os alimentos para além do simples ato de saciar a fome, permitindo que nos nutrimos de uma experiência sensorial. É uma maneira de perceber o tempo da natureza, a ação do tempo, as linhas, as cores, as texturas, os padrões e os aromas. Quando um alimento é disposto em um contexto investigativo com instrumentos de pesquisa, ele é capaz de revelar uma nova forma de ver o mundo. Através dos alimentos podemos explorar a ciência e a arte, desvendando as complexidades que cada ingrediente carrega.

Ao incluir essa linguagem em nosso currículo e em nosso fazer docente, buscamos desenvolver uma compreensão mais profunda não só dos alimentos em si, mas também da cultura, da história e das interações humanas que eles representam. Essa abordagem nos permite explorar o alimento como um elemento central que conecta diversas áreas do conhecimento. Assim, promovemos um aprendizado que vai além, engajando as crianças em uma reflexão sobre suas próprias experiências e identidades, e fomentando uma apreciação pelo valor cultural e simbólico dos alimentos.

A comida é memória, cultura e conexão. Na formação "Ateliê do Sabor: A Linguagem da Comida", você vai descobrir como transformar ingredientes em projetos pedagógicos e refeições em momentos de aprendizado e troca. Aproveite para inovar sua prática e encantar seus alunos com uma abordagem sensível e criativa.
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